quarta-feira, 11 de julho de 2012

Voto evangélico cresce e vem da periferia



Os resultados do último Censo demográfico mostraram o aumento de evangélicos, o que reforça o poder político que angariaram nos últimos anos. "Hoje, direita e esquerda negociam com os evangélicos", disse o cientista político César Romero Jacob, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Em Salvador, na Bahia, os evangélicos experimentaram, do Censo de 2000 para 2010, um crescimento de 61,4%, de 49,5% em São Paulo e 46,8% em Belo Horizonte. Na capital mineira, esse crescimento refletiu-se na representação política, onde, de quatro, no início do século, o número de vereadores evangélico dobrou dez anos depois.

A Câmara Municipal de Porto Alegre não tinha vereador evangélico em 2000 e passou a ter dois dez anos mais tarde. A população evangélica, "normalmente com baixo nível de escolaridade e de informação política, acaba seguindo o que o pastor recomenda", afirmou Jacob. É dos subúrbios, previu, que devem sair os vereadores evangélicos nas grandes capitais.

Em artigo para O Estado de São Paulo, o sociólogo José de Souza Martins alerta que a religião é "um fantasma" que assombra a República desde a sua proclamação. A República proclamou que assim como o Estado não se mete nos assuntos da Igreja e das religiões, as religiões não se metem nos assuntos do Estado, o que representou "um imenso avanço no Brasil", avaliou.

Mas o sociólogo constata um "progressivo recuo" em relação a esse princípio fundante do regime republicano. "O neopopulismo brasileiro descobriu nas igrejas e nas religiões um verdadeiro curral de votos cativos, de gente crédula e dócil ao apelo eleitoreiro em suposto nome da fé", analisou.  

Tudo seria compreensível, prosseguiu, num país atrasado como o Brasil não fosse o avanço da ousadia, não apenas sobre as religiões, mas agora também sobre o sagrado.

"Se as igrejas pretendiam afirmar sua identidade religiosa no plano político, mostrando força perante os candidatos e caíram na tentação do voto de cabresto, não se deram conta de que havia um preço a pagar. E o preço maior não era o voto, era a sutil invasão do sagrado pela política e pela politicagem", apontou.

Fonte: ALC (11.07.2012)

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