domingo, 29 de janeiro de 2012

Tradução da Bíblia ao patois gera controvérsias na Jamaica

O lançamento da Bíblia completa no idioma “patois” tem data marcada: 6 de agosto, marco da independência da Jamaica como colônia inglesa. A informação foi anunciada pelo secretário para as Américas da Sociedades Bíblicas Unidas, Melvin Rivera Velásquez.

O patois ou creole é um idioma criado pelos escravos africanos para que os ingleses não soubessem o que conversavam entre si. Ainda hoje, muitas crianças precisam aprender o inglês, idioma oficial da Jamaica, porque chegam à escola só sabendo falar o patois.

Mesmo com a Palavra sendo traduzida para um idioma autóctone, o projeto da SBU gerou controvérsias em igrejas e comunidades religiosas do país. Contestadores ao projeto alegaram que o patois dilui a palavra de Deus. Argumentaram que o inglês, idioma da globalização, é insubstituível. Assinalaram que o patois é uma linguagem vulgar e não traduz o sentido sacro da Bíblia.

Mas também manifestaram-se líderes religiosos que expressaram alegria pela possibilidades das Sagradas Escrituras chegarem ao povo em seu idioma materno. Esses viram o projeto como um resgate da identidade nacional, informou o site Protestante Digital, da Espanha.

Tradutores do texto sagrado afirmaram que levar a Bíblia ao patois é um resgate da autêntica língua de ancestrais do povo negro que vive na Jamaica. O patois, disseram, que um ritmo próprio, formas verbais e regras gramaticais sólidas, que outorga aos jamaicanos um sentido de pertença muito particular


Fonte: ALC (27.01.2012)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Eslovacos visitam a mais antiga comunidade luterana brasileira

Grupo de luteranos da República da Eslováquia visitou a Comunidade de Nova Friburgo, no dia 22. Liderados pelo pastor Miroslav Hvozdara, os 50 componentes participaram do culto dominical, assistiram um filme sobre o esforço da congregação frente à tragédia do ano passado, quando as fortes chuvas provocaram desmoronamento de morros e encostas, conheceram o memorial luterano e visitaram o mais antigo cemitério luterano em funcionamento.

O grupo passou por países sul-americanos e decidiu visitar a Comunidade Luterana de Nova Friburgo, fundada em maio de 1824 pelo grupo liderado por Friedrich Osvald Sauerbronn - que foi pároco em Becherbach, na Alemanha. Sauerbronn viajou a bordo da fragata Argus, a primeira embarcação a trazer os imigrantes alemães que formaram a primeira comunidade em solo brasileiro, da qual foi o primeiro pastor luterano.

O culto foi celebrado em português, inglês e eslovaco, com participações em alemão, possibilitando uma diversidade cultural entre luteranos. O coral da comunidade apresentou-se e despertou a atenção dos europeus. Ao meio-dia, almoçaram um churrasco, saborearam frutas tropicais, conheceram o cemitério Jardim da Paz e fizeram perguntas sobre os primórdios da igreja luterana em solo brasileiro.


Fonte: ALC (26.01.2012)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Igreja de metaleiros reúne jovens de cultura urbana

Na igreja evangélica Pantokrator, de Bogotá, até a oração do Pai Nosso é cantada no ritmo de rock metalero. É sábado. São as 17h55 e começam a chegar os fiéis: jovens com o cabelo comprido, vestidos de preto, com acessórios pontudos de metal, tatuagens e botas de couro. O culto começa dentro de cinco minutos.

"Lá em cima há uma festa de loucos", contam os vizinhos do templo ao contemplarem a entrada de três "cabeludos", como são denominados de  modo depreciativo os que usam cabelo comprido sem lavar, barba e aparência descuidada.

O templo é escuro por dentro e ocupa o segundo piso de uma casa de esquina. No interior, em caligrafia confusa e letras vermelhas dá para ler o nome da igreja – Pantokrator, que, do grego, significa “Deus Todo-Poderoso”. No teto, uma cruz gigante.

"Boa tarde, irmãos...", saúda Cristian González, 31 anos, um jovem que parece ser qualquer coisa, menos o pastor. A Pantokrator foi fundada em 2003, dirigida para jovens de cultura urbana. Ela tem por propósito “pregar o amor e a misericórdia do Senhor por meio do Evangelho de Jesus Cristo a pessoas que não tiveram a possibilidade de acercar-se de Deus", explica o pastor.

Cerca de 100 pessoas participam do culto, sentadas em cadeiras de madeira e de plástico que habitam o salão. Outras 20 estão de pé, a maioria metaleiros. A exceção talvez seja Benedito de León, um senhor de 67 anos, que aprecia a música roqueira que certamente perturbaria qualquer outra pessoa acima dos 60. "Esses hinos são para Deus, Ele merece tudo isso", diz.

Carlos González participa do culto da Pantokrator pela primeira vez. "Aqui escuto música que me agrada, oramos num ambiente sadio. Em outra igreja diriam que seria satânico" afirma.

A comunidade de metaleiros conseguiu que pessoas dependente e alcoólicas superassem suas dependências. Elas se transformam em boas colaboradoras da igreja, explica um frequentador. A ideia de Pantokrator é que todos se sintam como em casa, comenta a mulher do pastor, Adriana Ardilar

Uma jovem com saia comprida, delineador nos olhos sobe o altar e inicia a primeira reflexão da noite sobre o perdão a Maria Madalena.

"Irmãos, abram espaço para adorar Cristo Senhor", pede o vocalista do coro, Fernando López. Começa o louvor acompanhado por música, comandada pelo pastor na bateria, mais duas guitarras, enquanto os fieis se movem e cantam “massacre, massacre, massacre a Belzebu”.

"Existem muitos preconceitos sobre a nossa comunidade. Efésio 5,19 diz: ‘Animem-se uns a outros com salmos, hinos e canções espirituais. Cantem e louvem ao Senhor com o coração", explica o pastor. E é isso que a Pantokrator faz. Às 20h termina o culto.


Fonte: ALC (24.01.2012)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Influência religiosa é baixa nas decisões parlamentares na Argentina

Pesquisa encomendada pelo Centro de Estudos e Investigações Trabalhistas (CEIL-Piette) e realizada pelo Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet) mostrou que 65% dos parlamentares federais creem em Deus, 46% se consideram muito religiosos e 26% disseram que não seguem qualquer religião.

Mesmo com tal configuração no Parlamento, 64% responderam que apoiariam projeto de despenalização do aborto, 84% a fertilização assistida, 58% a despenalização de drogas para consumo pessoal e 52% apoiariam lei de eutanásia. A pesquisa foi divulgada pelo jornal Página 12.

Ainda assim, 49% dos legisladores acreditam que convicções religiosas dos pares influenciam no conteúdo dos projetos de lei e nas votações do Congresso Nacional. Mas os legisladores argentinos entendem que na relação com o Estado todas as religiões devem ter um tratamento igualitário.

Apenas três de cada dez parlamentares é a favor da proibição de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos, e sete em cada dez entendem legítima a participação de religiosos em disputas eleitorais. Um terço (34%) disse que as igrejas podem contribuir para a conquista de eleição.


Fonte: ALC (23.01.2012)

Diversidade religiosa é tema de debate em Manaus

A coordenadora Geral de Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), a teóloga Marga Janete Stroeher, participou do Encontro para Elaboração de Estratégias de Enfrentamento às Intolerâncias, reunido nesta semana.

O encontro foi realizado pela Coordenação Amazônica da Religião de Matriz Africana e Ameríndia (Carma) e debateu o Estado Brasileiro e as Políticas Públicas para a Promoção da Diversidade Religiosa, com a participação da coordenadora.

Segundo Stroeher, a não aceitação das diferenças culturais existentes no país é a principal causa da intolerância religiosa. “Partimos de uma concepção de uma sociedade homogênea, que desconsidera a diversidade, em que determinada cultura, que também é forjada pela religião, colocou-se como cultura universal no percurso histórico brasileiro”, explicou.

Durante o evento, foram debatidas políticas implementadas no Brasil para a promoção do respeito à diversidade, o papel do Estado brasileiro na condução de políticas públicas viáveis para o segmento e os subsídios do governo federal para a prática de uma política de Estado, que permita à população informações para evitar a intolerância religiosa, entre outros temas. O preconceito midiático e as concessões de rádio e TV também estiveram na pauta.

Em novembro de 2011, a SDH lançou a campanha de combate à intolerância religiosa, que tem como tema: “Democracia, Paz, Religião – Respeite”, com o propósito de promover o respeito à diversidade religiosa, eliminando todas as formas de intolerância.


Fonte: ALC (20.01.2012)

Alemães apreciam mais ao Dalai Lama e à chanceler Angela Merkel que ao papa

Berlim, segunda-feira, 23 de janeiro de 2012 (ALC) - Pesquisa realizada pelo Instituto Forsa para a revista semanal Stern mostrou que os alemães preferem o Dalai Lama, líder espiritual tibetano, ao papa alemão Bento XVI. Apenas um terço dos cidadãos alemães (32%) vê em Joseph Ratzinger um modelo, enquanto 69% apontam o Dalai Lama como pessoa exemplar.

Dalai Lama ficou em terceiro lugar na lista dos mais considerados pelos alemães, atrás do líder do movimento de libertação do regime de apartheid instaurado na África do Sul, Nelson Mandela, que foi destacado por 82% dos pesquisados. Depois de Mandela, aparece o ex-chanceler alemão Helmut Schmidt, com 74% das indicações.

O presidente estadunidense Barak Obama, com 64%, a chanceler alemã Angela Merkel, com 51%, e o treinador da seleção alemã de futebol, Joachim Löw, com 54%, são mais considerados pelos alemães como pessoas exemplares do que o papa Bento XVI. Quando eleito papa, em 2005, o jornal Bild saiu às bancas com a manchete “Wir sind Papst” (Nós somos papa), traduzindo o orgulho dos alemães pela escolha. Em seis anos, esse orgulho parece que se esvaneceu.


Fonte: ALC (23.01.2012).

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Pastoral do Turismo discutirá ética e sustentabilidade

Empresários, religiosos e agentes de viagens vão analisar como o turismo religioso pode contribuir para o enriquecimento da fé num mundo marcado pelo secularismo. 

O VII Congresso Mundial de Pastoral do Turismo terá lugar em Cancún, de 23 a 27 de abril, e tem como um de seus objetivos buscar um turismo ético e sustentável.

O México foi escolhido para sediar o evento pois é um país que recebe muitos turistas. A Basílica de Guadalupe recebe, anualmente, 20 milhões de peregrinos.

Do encontro deverá sair um código de ética voltado à preservação da natureza e à atividade turística como fonte de rendimento e de conhecimento humano.

É aguardada a presença do presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes, cardeal Antonio María Veglió, o presidente da Conferência Episcopal mexicana, Carlos Aguiar Reptes, e do núncio apostólico, Christophe Pierre.


Fonte: ALC (16.01.2012).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Católicos lançam campanha para enfrentar crise de credibilidade

Para fazer frente à crise instalada na Igreja Católica estadunidense, motivada pelos escândalos envolvendo sacerdotes em casos de pedofilia, levaram a denominação ao lançamento da campanha “Catholics Come Home” (Católicos Voltem para Casa). 

A cada ano, a Igreja Católica dos Estados Unidos perde cerca de 100 mil fiéis. De acordo com relatório da Conferência dos Bispos daquele país, a crise começou em 2002, com a revelação de casos de pedofilia envolvendo clérigos.

Enquete do Centro de Aplicação de Pesquisa no Apostolado (Cara, a sigla em inglês), da Universidade de Georgetown, apenas um terço dos católicos estadunidenses assiste à missa uma vez por semana. Por dedução, quase 43 milhões de católicos não são praticantes.

A campanha divulga mensagens em meios de comunicação de massa voltadas à educação evangelizadora, com o propósito de resgatar fiéis que abandonaram a fé católica.


Fonte: ALC (09.01.2012)

domingo, 8 de janeiro de 2012

Em busca de uma síntese integradora: os três reis magos - Leonardo Boff

Na Bíblia do Novo Testamento, há duas versões do nascimento de Jesus. Uma do evangelho de Lucas que culmina com a adoração dos pastores. A outra, do evangelho de Mateus, que se concentra na adoração dos três reis magos. A lição é: judeus e não-judeus (antigamente se dizia pagãos), cada um a seu modo, tem acesso a Jesus e participam da alta significação que ele encarna. Tentemos captar o sentido dos reis magos, festa que as Igrejas celebram no dia 6 de Janeiro, hoje quase esquecida.
As Escrituras judaico-cristãs deixam claro que Deus não se revelou apenas aos judeus. Antes de surgir o povo de Israel com Abraão, revelou-se a Enoque, a Noé, a Melquisedeque, depois a Balaão e a um não judeu, o rei Ciro a quem, pela primeira vez na Bíblia, se atribui o título de Messias. E nunca deixou de se revelar aos seres humanos, de muitas formas diferentes, pois todos são seus filhos e filhas e ouvintes da Palavra. Os reis magos estão entre eles. Quem eram? Diz-se que eram astrólogos vindos provavelmente da Babilônia.
Naquele tempo astronomia e astrologia caminhavam juntas. Certo dia, estes sábios descobriram uma estranha conjunção de Júpiter com Saturno que se aproximaram de tal forma que pareciam uma única grande estrela, na constelação de Peixes. O grande astrônomo Kepler (+1630) fez cálculos astronômicos e mostrou efetivamente que no ano 6 antes de Cristo (data do nascimento de Cristo pelo calendário corrigido) ocorreu tal conjunção.
Para os sábios, este fato possuia grande signficação. Júpiter, na leitura astronômica da época, era o símbolo do Senhor do mundo. Saturno era a estrela do povo judeu. E a constelação de Peixes era o sinal do fim dos tempos. Os sábios babilônicos assim interpretaram: no povo judeu (Saturno) nascerá o Senhor do mundo (Júpiter) sinalizando o fim dos tempos (Peixes). Então se puseram a caminho para prestar-lhe homenagem.
Sempre houve na história dos povos, pessoas simples ou sábias que se puseram a caminho em busca de salvação, quer dizer, de uma totalidade integradora que superasse as rupturas da existência humana. Deus veio ao encontro desta busca entrando nos modos de ser e de pensar das respectivas pessoas.
Mas por que foram encontrar Jesus? Porque, segundo a compreensão dos evangelistas, Jesus é um princípio de ordem e de criação de uma grande síntese humana, divina e cósmica. Quando dão a ele o título de Cristo (ungido em grego) querem expressar esta convicção. Cristo não é um nome de pessoa, mas uma qualidade conferida a alguém para cumprir uma missão que, no caso, é concretizar uma síntese integradora (salvação).Jesus operou tal síntese; por isso o chamaram de Cristo. Pessoa e missão se identificaram de tal forma que Jesus Cristo se transformou num nome. Mais correto seria dizer, Jesus, o Cristo. Esta síntese é buscada e realizada em outras religiões e caminhos espirituais, embora sob outros nomes: Sabedoria, Logos, Iluminacão, Buda, Tao, Shiva etc. Estes são "ungidos e consagrados"(significado de Cristo) para serem um centro atrator e unificador de tudo o que há no céu e na terra. Mudam os nomes, mas o sentido é sempre o mesmo.
Nossa realidade, entretanto, é contraditória. É feita de elementos sim-bólicos e dia-bólicos, de verdade e de falsidade, de luz e de sombras. Como criar uma ordem superior que ultrapasse essas contradições? Sentimos a urgência de um Centro ordenador e animador de uma síntese pessoal, social e também cósmica.
Os evangelistas usaram o fenômeno astronômico do aparecimento de uma estrela para apresentar Jesus como aquele Senhor do Universo que vem sob a forma de uma frágil criança para unificar tudo. Essa Energia é divina mas não é exclusiva de Jesus. Ela se expressa sob muitas formas históricas e em muitas figuras religiosas, justas ou sábias e, no fundo, em cada pessoa. Em Jesus, o Cristo, ganhou uma concretização tal que mobilizou outras culturas com seus sábios vindos do Oriente, os Magos.
Todos os caminhos levam a Deus e Deus visita os seus em suas próprias histórias. Todos estão em busca daquela Energia unificadora que se esconde no signficado da palavra Cristo. Esse encontro com a Estrela que guiou os magos, produz hoje, como produziu ontem, alegria e sentimento de integração.
Haverá sempre uma Estrela no caminho de quem busca. Importa, pois, buscar com mente pura e sempre atenta aos sinais dos tempos como o fizeram os reis magos.

Fonte: CEBI (06.01.2012)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O auge do cinema que filma a transcendência - Peio Sánchez Rodríguez

Estamos diante da melhor safra do cinema espiritual dos últimos anos, o que reflete o bom estado de saúde espiritual da produção cinematográfica. Embora, infelizmente, isso não afete o público em geral, que se mantém no consumo audiovisual de baixo perfil, embora cada vez mais haja um setor de público que aposta nesse tipo de cinema que agora tem à sua disposição. Vejamos a seleção deste ano.

A análise é de Peio Sánchez Rodríguez, sacerdote e professor de teologia, com especialização em educação audiovisual pela Universidade Pontifícia de Salamanca e doutorado em teologia dogmática pela Universidade Salesiana de Roma. O artigo foi publicado no sítio Religión Digital, 31-12-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
cartaz de A Árvore da Vida1. A árvore da vida, de Terrence Malick

 Estamos diante de uma obra-prima do cinema espiritual. Formalmente, ela inova a narrativa fílmica da fé cristã, já que apresenta uma história pessoal-familiar de pecado e de graça, com uma perspectiva de universalidade que se desdobra em abundantes símbolos e referências musicais da tradição religiosa. A complexa elaboração formal pressupõe tanto um aprofundamento na forma artística da experiência cristã, como aponta para aspectos de novidade. Especialmente evocativa é a presença intermitente da linguagem orante dirigida a Deus que transcende a pura narração horizontal.

A maior dificuldade reside na complexidade da montagem. Ela atua com diferentes registros que são acompanhados por uma profundidade teológica incomum, dada a amplitude de temas aborda, tais como o sentido do sofrimento inocente, a origem na bondade do real, a densidade e diferentes registros do pecado, assim como a sua transmissão social, a transparência, resistência e vitória da Graça, a possibilidade da conversão como giro à esperança, a oferta de louvor como aceitação agradecida pelo amor divino e o além como consumação pessoal e comunitária em Deus. Esse percurso globalizador pela antropologia cristã se realiza resguardando o mistério de Deus, que aparece unicamente representado pela sarça ardente do Gênesis, que acompanha a narração como chama de amor viva.

Filme imprescindível, a partir de agora, no cinema espiritual deverá ser revista para descobrir novos significados e que propõe a experiência de Deus que se comunica na arte.

2. Homens e deuses, de Xavier Beauvois

Relato poderoso e significativo e, ao mesmo tempo, realizado com uma distância respeitosa sobre a vida e morte dos monges trapistas do mosteiro de Nossa Senhora do Atlas de Tibhirine, que foram sequestrados em 1996. Os fatos se desenrolam em meio a uma Argélia conturbada entre a ameaça dos grupos radicais islâmicos e um regime militar que dificulta a reconciliação.
 
Xavier Beauvois, o diretor, baseia a sua narrativa na motivação profunda dos monges, explicitada no testamento de Christian de Chergé que se ouve no fim. A contribuição espiritual visa à reconciliação das pessoas, dos povos e das culturas a partir do diálogo das religiões fundado em Deus, que nos reconcilia em Cristo encarnado e crucificado. Para isso, o roteiro se centra no processo de discernimento pessoal e comunitário da comunidade de monges sobre a decisão de permanecer fiéis e firmes em seu mosteiro, apesar das ameaças que os rodeiam.

Magnificamente interpretado, os monges se apresentam em sua vida ordinária de oração, trabalho e inserção naquela realidade concreta, ao mesmo tempo em que se mostra o processo de cada um com suas dúvidas e certezas. Tudo isso nos permite compreender a sua decisão, em nada heroica, mas sim como um sinal lúcido e humilde de reconciliação em meio à barbárie.

O momento culminante da última ceia é uma sequência magistral em que nos é mostrada toda a carga significativa de uma mesa que vai se convertendo em lugar de perdão e alegria e, ao mesmo tempo, em altar de entrega e reconciliação. O final é significativo e esperançoso, através de uma elipse que aponta para a paz definitiva em Deus.

3. Postia pappi Jaakobille [Cartas ao padre Jacó, na versão espanhola], de Klaus Härö
Filme que acerta ao apresentar com uma enorme simplicidade formal - apenas dois atores que interpretam o padre Jacó Leila, uma ex-detenta indultada depois de uma condenação à prisão perpétua - uma história de grande força dramática e de um explícito conteúdo cristão.
Esse filme, que passou quase despercebido fora do âmbito mais especializado dos festivais, é uma pequena joia em que todos os elementos - uma fotografia sombria, um plano entrecortado, interpretações austeras e câmera detalhista - apontam para a direção de mostrar uma história que transmite verdade e emoção.

Na primeira parte, o filme vai nos apresentando a ira e a dor imensa de Leila, que pouco a pouco vai sendo domesticada pela humildade muito acolhedora do padreJacó, que vive com a missão de enviar e receber cartas de oração e de consolo para os seus paroquianos longínquos.

Na segunda parte e desenlace, assistimos a uma resolução surpreendente, que nos revela o caminho do sacrifício de amor e a reconciliação que limpa a alma para a esperança.

A enorme força espiritual reside na medida em que o padre Jacó representa o amor misericordioso de Deus que aponta para Cristo, assim como nas imagens do crucifixo e nas citações bíblicas escolhidas de forma certeira. Também é sugestiva a figura de Leila, metáfora da humanidade que precisa ser salva. Em resumo, teologia da graça e da justificação convertida em narrativa cinematográfica. Sem dúvida, um daqueles filmes que nos torna melhores.

4. Oscar et la dame rose [Cartas a Deus, na versão espanhola], de Eric-Emmanuel Schmitt
Injustamente despercebida passou entre nós Cartas a Deus, esmagado pela estreia coincidente do terrível Torrente 4: Lethal Crisis, que foi o grande sucesso do cinema espanhol deste ano.

Cartas a Deus não vende porque trata da história de um menino com câncer, como também aconteceu há um ano com Viver para sempre (2010), de Gustavo Ron, e com Maktub (2011), de Paco Arango. No entanto, acreditamos que o cinema espiritual deve continuar resistindo para oferecer um sentido quando a diversão baixa e vulgar apaga os seus artifícios comerciais.

O dramaturgo francês Eric-Emmanuel Schmitt, depois de uma experiência pessoal de fé, escreve sobre esses temas com êxito e, a partir do teatro, foi os exportando para o cinema. Assim, levou às telas Monsieur Ibrahim et les fleurs du Coran (2003) e, depois, a mais suave Odette Toulemonde (2007).

O pequeno Oscar tem um câncer terminal e será guiado por Mamie Rose, uma voluntária muito especial, para será um exemplo do acompanhamento espiritual. Assim, a partir da sinceridade, viverão intensamente uma relação que ajudará o pequeno a assumir o seu momento para se encontrar com Deus, e a cuidadora a renovar o sentido da sua vida.

Um filme, portanto, muito recomendado e especialmente interessante para o cinema familiar com adolescentes, para introduzir no tema sempre relegado da morte. E não nos esqueçamos que o cinema pode divertir abordando a vida, e não fugindo dela.

5. Thérese, de Alain Cavalier

Filme complexo e não para todos os públicos. Apesar de sua estreia na Espanha com 25 anos de atraso, o filme de Alain Cavalier sobre a vida de Teresa do Menino Jesus foi bem recebida tanto pela crítica quanto pelo público cinéfilo.

Montado como uma série de quadros de estilo bastante teatral, o filme narra a vida da santa de Lisieux e nos apresenta, com uma grande simplicidade formal, a sintonia com o caminho estreito do amor humilde dessa carmelita mestra da espiritualidade. Interpretada com grande sucesso por Catherine Mouchet, o filme descreve, com um estilo em nada hagiográfico, mas sim bem comedido e crítico, o seu chamado precoce e ingênuo, as alegrias e as dificuldades da sua vida religiosa, a chegada da doença e sua paciente serenidade perante a morte.

A narrativa vai nos adentrando no amadurecimento dessa jovem que, a partir da sua candura adolescente, se vê obrigada a um amadurecimento rápido, forjado na proximidade de Deus e na vida comunitária. A primeira é ressaltada através de algumas orações e pequenos textos recolhidos; a segunda é mostrada com eloquência em cenas como a profissão da santa, a festa do Dia de Natal ou os encontros com a irmã priora.

De difícil visualização, tanto do ponto de vista formal quanto narrativo e simbólico, precisa de acompanhamento mesmo para o público formado.

6. O garoto da bicicleta, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne


O filme dos irmãos Dardenne está entre os melhores deste ano em quase todas as listas. Os autores de grandes obras como La promesse (1996), Rosetta (1999),Le fils (2002), L'Enfant (2005) e Le silence de Lorna (2008) continuam com a opção de apresentar a verdadeira altura humana em personagens marginais que, em meio a dificuldades, abrem caminho rumo a uma difícil bondade.

Neste caso, novamente com uma história simples: um menino é abandonado pelo seu pai, que se sente incapaz de assumir essa responsabilidade. Ele encontra uma jovem cabeleireira que o acolhe, mas sua busca por um pai o leva a uma peripécia da qual sairá amadurecido.

Assim como na tragédia grega, os personagens funcionam como arquétipos. O menino é uma figura de uma geração que tem que crescer sem pais ou buscando-os. A cabeleireira é a imagem luminosa da humanidade generosa, autenticamente enraizada na verdade da vida. O pai infantil e imaturo reflete um tipo de adultos que são adolescentes crônicos e que, neste caso, representa os pais ausentes e demissionários. O traficante é a tentação de um mundo de sobreviver destruindo tudo ao seu redor.

A simplicidade da história dá margem a muitas coisas: o pequeno lutador que, no fim, descobre o amor no qual pode confiar; a mãe arquétipo que é geradora em adoção da filiação e que transparece o amor fundante mais escolhido do que biológico; o jovem que deixar de ser agressor e permite que o pequeno faça a sua própria escolha.

Cheia de humanismo, O garoto da bicicleta é um relato para uma época que precisa recuperar a maternidade/paternidade e a filiação. Ser mãe e pai não é uma questão biológica; é uma questão de amor que deve se fundar nele. Por isso, Samantha é uma verdadeira mãe. E o pequeno Cyril, em sua peripécia, nos revela como o ser humano precisa encontrar um pai/mãe para viver na bondade. E aqui não basta a bicicleta como única posse. Este mundo precisa de Samanthas para que os pequenos Cyrils possam crescer. Por outro lado, o mistério da paternidade e da filiação sempre teve a ver com Deus, embora isso não se diga.

7. Mistérios de Lisboa, por Raúl Ruiz


Do chileno exilado na França Raúl Ruiz, esse filme é considerado, de forma bastante unânime, uma das obras mais significativas do cinema recente. Partindo do folhetim romântico de Camilo Castelo Branco, prolífico escritor do século XIX português, a história se passa em uma complexa rede de motivações e relações sob a influência de Balzac, que vão se revelando como uma espiral dramática que, na distância, descobre uma profunda reflexão sobre a natureza humana.

A excepcional realização de Raúl Ruiz parte da forma de série de televisão, para fazer uma metamorfose radical em que o relato adquire uma nova dignidade e em que os personagens mostram algumas constantes que atuam no espectador a consciência de contemplar algo das dobras da própria alma.

Somente a figura do padre Dinis permite pôr um pouco de sentido. Primeiro pela sua busca detetivesca da verdade, para depois reconhecer a sua intervenção benéfica na história, que aos poucos vamos descobrindo como multifacetada e onipresente. Filme imprescindível para o espectador formado no gosto estético da narrativa e na pesquisa antropológica dos personagens. O relato acaba perdendo a sua condição trágica, para fazer do romântico uma porta para o drama com sentido e para a vida com esperança. Mas uma espera que pressupõe paciência e esforço no observador que acaba se envolvendo.

8. Le Havre, de Aki Kaurismäki


Aki Kaurismäki é um dos grandes humanistas do cinema europeu. Esse filme entra em cartaz [na Europa] justamente no fim do ano, embora já tenha sido apresentado em diversos festivais. Como todas as histórias desse diretor, ele é narrado sob a influência dos grandes do cinema mudo, com um sentido de humor zombeteiro e sibilino, cores puras - especialmente azul e vermelho -, assim como com silêncios e elipses que anima o espectador a completar a história.

Neste caso, um engraxate, Marcel Max, saído dos filmes de Chaplin, enfrenta a grave doença de Arletty, sua abnegada esposa, e o cuidado de Idrissa, um menino negro que chegou como clandestino e que é perseguido por Monet, um policial que parece que trabalhou anteriormente para o fim de Casablanca.

Novamente, uma história de solidariedade dos pequenos, dos marginalizados. Enquanto Max luta para esconder e encontrar a família do pequeno africano, sua esposa silenciosa e praticamente sozinha enfrenta uma doença terminal. Mas, apesar de tudo e de todas as dificuldades, eles não estão sozinhos: há uma corrente de generosidade que vai se tecendo e que, surpresa após surpresa, leva a um final inesperado e feliz.

Já em Mies vailla menneisyyttä [Um homem sem passado, na versão espanhola] (2002), Kaurismäki fez alguns acenos espirituais, assinalando que o mundo que está às margens conta com a ajuda que, de fora, se converte em salvação. O fato de que, em Le Havre, os giros de roteiro apontem para o milagre reabre esse veio sobrenatural à qual tende o cinema social do diretor finlandês. Incrível mas certo é que o cinema secular europeu, quanto mais aponta  para o ser humano, mais parece se encontrar com Deus em seu objetivo. Uma lição por inteiro.

9. Em um Mundo Melhor, de Susanne Bier


O Oscar de melhor filme estrangeiro foi para esse filme dirigido por Susanne Bier, que é uma das mais promovidas representantes do extinto movimento Dogma 95. Trata-se, neste caso, de uma proposta que indaga sobre a origem da violência e as possibilidades do perdão.

Narrado com base em paralelismos, o filme define, de um lado, a violência em um campo de refugiados em um lugar da África e, de outro, o assédio escolar naDinamarca. E também coloca em paralelo o mundo dos adultos e o mundo dos jovens que se abrem à vida. Nesse cruzamento de realidades, localiza-se o drama.

Elias sofre assédio escolar de seus colegas, enquanto padece a separação que parece inevitável entre seus pais. Anton, seu pai, como médico na África, enfrenta a violência de um grupo armado e seu líder impiedoso. Cristian será o amigo que ajudará Elias com a sua dor não curada pela morte de sua mãe. A tragédia se tece quando a violência gera violência, e só uma decisão pela reconciliação permitirá que se rompa a corrente do desastre.

O filme apresenta o mal como consubstancial ao ser humano, seja na Europa ou na África, seja entre crianças quanto entre adultos. O mal escraviza com suas correntes interiores, de dentro e de fora, agarrando e fazendo vítimas e algozes que acabam reproduzindo a mesma espiral. Só o perdão que vem do céu azul pode romper a maldição.

Anton representa a força da bondade que não faz o idiota, mas que perdoa. Depois, aparecerá uma graça que vence tragédia e que permite que os processos de reconciliação se culminem. Parece que, de alguma forma, o céu cuidou de todos.

Um filme que é altamente recomendado para o público jovem, apesar da sua dureza: é esclarecedor, lhes agrada e lhes envolve.

10. Das Ende ist mein Anfang [O fim é meu princípio, na versão em espanhol], de Jo Baier


Relato comovedor do testamento espiritual de Tiziano Terzani, famoso correspondente de guerra que viveu grandes acontecimentos da história recente. O filme, baseado no livro que ele escreveu com seu filho Folco, narra com simplicidade e força expressiva o seu itinerário pessoal, centrando-se na experiência espiritual que marcará os seus últimos anos a partir do início da luta contra um câncer.

A trajetória de Terzani como jornalista e suas simpatias ideológicas pelo comunismo são postas à prova em meio a grandes acontecimentos sociais e políticos do século XX, como a Guerra Fria, a China maoísta, a Guerra do Vietnã e o apartheid sul-africano. O ocaso das ideologias marcará uma reviravolta em sua vida para a dimensão espiritual. O mundo só pode mudar se cada ser humano mudar, ele afirmará.

Em 2004, quando foi diagnosticado um câncer no protagonista, acentuou-se o seu chamado a fechar o círculo de sua vida enfrentando a morte. Depois de um retiro de três anos com um sábio no Himalaia, ele se afasta de sua esposa Angela para uma casa na Toscana. Ali, nos últimos dias, ele convida o seu filho a escrever esta espécie de testamento espiritual.

O testemunho vai se centrando em oferecer uma visão diferente da morte. Que não seja exclusivamente trágica, mas sim confiante, alegre e esperançosa. A debilidade do corpo contrasta com um crescimento do espírito que vai progressivamente se identificando com o Ser Supremo ao qual vai se incorporando. Esse processo de dissolução representa um contraste com a perspectiva cristã da ressurreição. Mas o contraste é muito sugestivo, e o caráter testemunhal o situa em uma validade especial.

Fonte: CEBI (04.01.2012)

Fundação Luterana de Diaconia está entre os vencedores do Prêmio Melhores Práticas 2011

A prática Digno Viver, que tem como proponente o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), parceiro estratégico da FLD, foi um dos 20 projetos vencedores do prêmio Melhores Práticas 2011, da Caixa Econômica Federal. A iniciativa foi selecionada por atender, de forma exemplar, os temas-foco da premiação: Habitação, Gestão Ambiental e Saneamento, Gestão Municipal, Desenvolvimento Local e Inclusão Social. O prêmio Caixa teve, nesta edição de 2011, um total de 200 inscritos e selecionou para a fase final 35 práticas do país.
A iniciativa do Capa busca o reconhecimento público dos quilombolas na região sul, frente à uma realidade total de abandono. Até o momento, 40 comunidades quilombolas, envolvendo 5 mil famílias de 17 municípios do extremo sul do país, receberam da Fundação Cultural Palmares a certidão pública de reconhecimento. A prioridade é a melhoria da realidade em que se encontram, como a alfabetização de jovens e adultos, segurança alimentar através da produção ecológica de alimentos, formação em saúde comunitária e uso de plantas medicinais, valorização do artesanato tradicional para geração de trabalho e renda, treinamento profissional como pedreiros e eletricistas, incentivo à comercialização da produção, resgate e valorização da cultura, organização comunitária, acesso aos direitos e cidadania, busca de melhoria de infraestrutura e acesso a serviços públicos, principalmente habitação, água e energia elétrica.
Além do troféu entregue, as práticas serão amplamente divulgadas pela Caixa por intermédio de filmes, publicações, exposição fotográfica itinerante, oficinas de reaplicação e informações no sítio na Internet. Com o apoio da gerência de Desenvolvimento Urbano e Rural Porto Alegre (GIDUR/PO) e superintendências regionais do Rio Grande do Sul, outras práticas também se classificaram para a selação final como Chocolatão (Porto Alegre), e Nova Vida (São Leopoldo).
Para o superintendente regional Ruy Kern, da Superintendência Extremo Sul, "a luta pelo resgate dos direitos à cidadania dos quilombolas da região, realizado pelo Capa, tendo a Caixa como uma das parceiras, tem sido primordial para mudar a realidade dessa população numerosa e desassistida, invisível para sociedade e governos". Segundo ele, o reconhecimento é um marco para que ações como as que aqui foram feitas sejam replicadas em todas as comunidades quilombolas do país.
A coordenadora do Trabalho Técnico Social da GIDUR/PO, Adrianne Lori Poulton Correa, mostra-se satisfeita com os resultados obtidos em mais esta edição do Prêmio Caixa. Para Adrianne, "participar por tantos anos de um programa que premia as melhores práticas em gestão local é motivo de grande orgulho e satisfação. Quando uma prática que acompanhamos é finalista e premiada entre as 20 melhores do Brasil, podemos identificar o resultado de nosso próprio trabalho e de todas as equipes". E conclui: "É também o reconhecimento aos gestores das práticas, que, com seus projetos e ações, vêm transformando a realidade de suas comunidades".
Os projetos vencedores serão inscritos, pela Caixa, para concorrer ao Prêmio Internacional de Dubai para Melhores Práticas 2012, promovido pela Municipalidade de Dubai (Emirados Árabes), em parceria com a ONU/Habitat.
Prêmio - Instituído em 1999, o Prêmio objetiva divulgar e estimular a transferência e reaplicação dos conhecimentos e lições aprendidas, a partir das melhores práticas. A seleção das práticas ocorre em três etapas e envolveu cerca de 230 avaliadores de todo o país. São projetos que se destacaram nos quesitos parceria, impacto, sustentabilidade, inclusão social, in ovação e contexto local, fortalecimento de lideranças locais, entre outros. Tais critérios são internacionalmente reconhecidos pela ONU/Habitat como fundamentais para êxito de projetos de desenvolvimento local.

Fonte: CEBI (04.01.2012)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cristo Redentor divulgará Jornada da Juventude

O maior cartão postal do Brasil, o Cristo Redentor, será o embaixador de divulgação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que terá lugar no Rio de Janeiro, de 23 a 28 de julho de 2013. 

Uma réplica da imagem, medindo 3 metros de altura, vai percorrer países do mundo anunciando o evento.

"O Cristo é o símbolo maior do Rio de Janeiro e, dessa maneira, ele é não somente um receptor de todos os turistas e peregrinos, como também, com os seus braços abertos, avança em direção às demais culturas e países, mostrando que o Rio é uma cidade aberta e acolhedora", afirmou o reitor do Santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo.

A exposição "Cristo Redentor para Todos" ainda não teve a programação divulgada, mas a mostra contará a história do monumento e apresentará informações sobre o Rio de Janeiro, destacando suas belezas naturais e a infra-estrutura que está sendo organizada para o evento mundial de 2013.


Fonte: ALC (04.01.2012)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cristãos temem guerra religiosa na Nigéria

Depois das bombas jogadas por integrantes da seita islâmica Boko Haram contra templos na noite de Natal, matando duas dezenas de pessoas, cristãos da Nigéria temem que o país mais populoso da África entre numa guerra religiosa. 

O alerta partiu da Associação Cristã da Nigéria (Can), organização que reúne diferentes denominações, desde católicos, protestantes e pentecostais. A Boko Haram quer impor a sharia (lei islâmica) na Nigéria.

O secretário geral da organização cristã, Saidu Dogo, pediu que líderes muçulmanos controlem seus fiéis. "Tememos que a situação degenere para uma guerra religiosa e que a Nigéria não consiga sobreviver a isso”, disse Dogo.

Os ataques podem reviver a violência sectária entre o norte, de maioria muçulmana, e o sul cristão, que na década passada matou milhares de pessoas.
A Can pede que os cristãos continuem respeitando a lei do país, mas também que se defendam, se isso for necessário.


Fonte: ALC (03.01.2012)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Gospel brasileira: a nova bossa nova?



No país do samba, da bossa nova e agora de um funk (medíocre) há espaço para a música gospel. É isso que narra aos seus leitores o jornalista Tom Phillips, do diário britânico The Guardian.


Phillips, cujo artigo publicado na terça-feira 27 é intitulado Gospel starts to strike a chord in Brazil the home of bossa nova, usou como gancho o fato de o Festival Promessas, no Aterro do Flamengo, ter sido transmitido pela Globo dia 18 de dezembro. E isso às vésperas do Natal.

Foi, disse o jornalista do Guardian, o primeiro festival evangélico transmitido pela Globo.

Resumiu ao diário britânico Regis Danese, corretamente introduzido como “um dos maiores cantores da música gospel no Brasil”: “Este é um dia histórico para a música gospel brasileira”. Deus, segundo Danese, merece ser agradecido pelo festival ao qual compareceram 20 mil pessoas – e milhões puderam assisti-lo em seus televisores.

Phillips conta que o mercado da música gospel brasileira vale 1,5 bilhão de reais. Mais: “60 milhões de brasileiros estariam direta ou indiretamente ligados à Igreja Evangélica”. Palavras ao Guardian do deputado federal Arolde de Oliveira. Oliveira é também proprietário do Grupo MK Music, que ele alega ser o maior selo de música gospel na América Latina.


Ainda existe “preconceito” contra a música gospel, concede Oliveira. Mas com a chegada de selos musicais como a Sony, a música gospel adentra cada vez mais o mercado secular. A música gospel é lucrativa, escreve Phillips, também porque evangélicos são contra a pirataria de CDs e DVDs. E jamais baixam músicas ilegalmente na internet.
A Globo entrou nesse mercado evangélico, parece óbvio, porque ele é lucrativo. No entanto, Luiz Gleizer, diretor da Globo TV, disse para o jornalista Phillips que a rede de tevê só quis “documentar um festival de música gospel” porque ela tem importância crescente na “vida cultural” do País.
Gleizer advertiu, porém, que a Globo não é um canal de tevê católico, e sim secular e republicano. O que Gleizer entende por “republicano” é uma incógnita. E atrás de altos índices de audiência promoveu, bem ou mal, um evento evangélico. Nada disso surpreende.  O grupo da família Marinho é dono da gravadora Som Livre, e do seu catálogo gospel constam cantores populares como o Padre Fábio de Melo.


Essas questões globais, contudo, não são abordadas pelo Guardian. O foco do artigo, afinal, era somente a música gospel na terra onde nasceu a bossa nova…
Nesse contexto, o jornal britânico estava mais interessado em retratar os novos cantores que carregam guitarras, tamborins e Bíblias. Entre eles, Regis Danese é a fonte principal do artigo. Seu álbum Compromisso, explica o jornalista Phillips, vendeu mais de 1 milhão de cópias. Em 2009, Danese foi indicado ao Grammy Latino. O jornalista conta, ainda, como após sua performance no Festival Promessas Danese foi “bombardeado” por perguntas de repórteres.

“O senhor escutou a voz de Deus?” “O que ele disse?”
Ao cabo de cada resposta de Danese o repórter da revista Nova Jerusalém dizia: “Amem. Louvado seja o Senhor”.


Fonte: Carta Capital (28.12.2011)