segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cristão, crente, protestante ou evangélico? - Paulo Dias Nogueira


Se perguntarmos a uma pessoa que frequenta nossas igrejas se ela é cristã, crente, protestante ou evangélica, ela ficará  momentaneamente confusa. Na tentativa de responder, algumas enfatizarão diferenças entre os termos, outras dirão que se trata da mesma coisa, porém há muita confusão.

Segundo o Prof. Dr. Mendonça, que foi um exímio pesquisador do protestantismo e especificamente do protestantismo brasileiro, enquanto na Europa e nos Estados Unidos os cristãos católicos e não-católicos se auto-identificam como cristãos, sendo secundária a identificação pelo ramo a que pertencem, no Brasil, assim como em toda a América Latina, a auto identificação protestante e denominacional tem sido  fundamental . Este fato tem uma história.

Como julgo este tema interessante e curioso, compartilho neste breve artigo sobre quais circunstâncias surgiram os termos e seus significados naquele momento.

CRISTÃO: Esta expressão já é citada na Bíblia (At 11.26; 26.28; 1Pe 4.16). Segundo alguns estudiosos do Novo Testamento este termo já era usado desde 44 d.C. quando ocorreu os eventos narrados no texto de At 11.26. Outro texto que demonstra a utilização do termo no 1séc é At 26.28, quando , o Rei Herodes Agripa II, a maior autoridade do local, disse a Paulo: "Por pouco me persuades a me fazer cristão." — At 26:28. Portanto, desde Antioquia da Síria (44 d.C.) aqueles que seguem a Cristo podem ser chamados de cristãos.

PROTESTANTE: Este termo vem do alemão e significa declaração pública de protesto, foi utilizado pelos príncipes luteranos contra a decisão da Dieta de Speyer de 1529, que reafirmou o Édito de Worms de 1521, banindo as 95 teses de Lutero. Ele não foi aplicado aos reformadores propriamente ditos, mas ao movimento que foi crescendo e protestando contra a Igreja oficial. Este termo foi ganhando um forte acento pejorativo e preconceituoso por parte do catolicismo.

EVANGÉLICO: Termo cunhado pelo movimento evangelical. Este movimento surgiu no início do século XIX na Europa e depois se expandiu para os Estados Unidos. Ele foi uma reação frente expansionismo ultramontanista católico. Diante dessa força católica os protestantes se uniram através de ligas e alianças no propósito de fortalecer alguns princípios doutrinários comuns que os ajudasse a combater esse movimento. Pode-se chamar de uma “frente unida” evangélica. A auto-identificação de “evangélico” era individual e significava o compromisso da pessoa com esse conjunto de princípios doutrinários. Antes do indivíduo pertencer a uma denominação, ele era “evangélico”.

CRENTE: Diferentemente do que muitos possam imaginar que esta expressão signifique aquele que crê, no contexto do protestantismo brasileiro ela tem um significado sectarista e preconceituoso.  Foi introduzida pelos missionários norte-americanos (protestantismo de missão) que para identificar as pessoas que iam aderindo às suas denominações, diziam este agora é verdadeiramente crente. Ou seja, era aquele que, abandonando suas antigas crenças e práticas religiosas (catolicismo), “convertiam-se” verdadeiramente às novas doutrinas.

Ainda que estes termos tenham seus significados específicos e um momento histórico definido, parece haver uma interpretação que movimenta o interior de nossas comunidades e alimenta o senso comum. Atrevo-me a dizer que muitos definem assim as expressões:


CRISTÃOS
CONCEITO – os que seguem a Cristo.

PROTESTANTE
CONCEITO - São as igrejas mais históricas (antigas); 
PRECONCEITO – São aqueles que protestam contra Deus.

EVANGÉLICO
CONCEITO – Aqueles que seguem o evangelho; 
PRECONCEITO – São os crentes da classe média.

CRENTE
CONCEITO – Aqueles que crêem; 
PRECONCEITO – Evangélicos pobres.

Os termos precisam ser entendidos a partir de seu contexto (sitz in leben) e valorizado. Por isso, a pessoa pode-se se considerar um cristão, protestante, evangélico, crente e (metodista, presbiteriano, assembleiano, etc). A pessoa trás em si a tradição de muitos movimentos. Portanto, se bem entendidos e utilizados, estes conceitos muito podem nos ajudar. Espero ter ajudado um pouco.


Fonte: http://paulodiasnogueira.blogspot.com/2011/10/cristao-crente-protestante-ou.html?spref=fb

Lutero e as divisões do mundo - Edmilson Schinelo


1. Em busca de uma história mais verdadeira
Há 500 anos, quando a Europa fundamentalista se lançava ao mar para conquistar novas terras, escravizando e exterminando povos indígenas e negros, muitas vozes se levantaram para denunciar o mau uso da religião. Mulheres e homens fizeram surgir, sob a ação do Espírito Santo, movimentos que ajudaram a recuperar o sonho do cristianismo primitivo.
Entre todas essas vozes, uma das que mais ecoaram foi a de um monge chamado Martinho Lutero. Com toda a sua fragilidade humana, com seus erros e acertos, Lutero conseguiu mostrar à Igreja de Cristo que estava na hora de "voltar a Jesus".
O papa Adriano IV, contemporâneo de Lutero, foi capaz de ler a ação do Espírito e assim escreveu a ele:
"Sabemos que, mesmo na Santa Sé, e desde muitos anos, muitas abominações foram cometidas (...). Faremos tudo para começar a reformar a corte de Roma, da qual veio todo o mal. É dela que sairá a cura, como dela veio a doença".
Infelizmente, o sucessor de Adriano IV não teve a mesma diplomacia. Lutero também foi se acirrando em suas posições e as rupturas se acentuaram. Disputas posteriores aumentaram as rivalidades, quase nunca permitindo, nem a católicos romanos nem a luteranos, registros históricos menos tendenciosos. Para a maioria dos romanos, Lutero transformou-se no semeador da discórdia, no culpado pelo surgimento de "outras igrejas não fundadas por Jesus Cristo". Para boa parte dos protestantes, Roma e seu poderio passaram a ser encarnação da besta do Apocalipse.
A inquisição condenou à morte Joana D'Arc, em nome da fé ela foi levada à fogueira. Mais tarde, a Igreja Romana reconheceu o seu erro e elevou Joana D'Arc à honra dos altares. No caso da Reforma, as feridas foram maiores, ainda não foi possível reconhecer todos os erros, de um lado ou de outro.
Algumas afirmações, entretanto, não podem continuar sendo repetidas. Não só por faltarem com a verdade, mas por não contribuírem para a construção da tão sonhada unidade.

2. Lutero dividiu a Igreja?

No ano de 450, sob o pretexto das discussões se Jesus tinha uma natureza (era só Deus) ou duas (a divina e a humana), houve a separação da Igreja Siriana. Em 1054, a Igreja de Constantinopla e a Igreja de Roma romperam as relações, excomungaram-se mutuamente, declarando-se inimigas. Uma chaga que até hoje não se curou. Isto para falar apenas das divisões maiores.
Cristãos e cristãs, de maneira geral, por desconhecimento histórico, continuam a repetir que Lutero foi o responsável pela divisão, sem reconhecer na verdade que, profeticamente, o que fez foi trazer à tona a divisão já existente. E ainda que acontecimentos posteriores viessem a provocar novas rupturas, é importante recuperar sua intenção inicial.
Lutero não falava em separar-se da Igreja de Cristo, mas em reformá-la. Daí o nome Reforma. Chegava aos seus ouvidos os mesmo apelos proféticos que trezentos anos antes, moveram Francisco de Assis: "Reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas". E a reconstrução passa pela busca da unidade. É por isso que o próprio Lutero assim orava a Deus:
"Ó eterno e misericordioso Deus, Tu és do Deus da Paz, do amor e da unidade e não da discórdia e da confusão, que permites em teus justos julgamentos. Este mundo, ao se esquecer de Ti, tem se dividido e quebrado. Só Tu podes criar e sustentar a unidade.
(...) Concede, então, que voltemos à tua unidade e evitemos toda discórdia. E assim, sejamos de uma só vontade, um só conhecimento, uma só disposição e uma só compreensão sobre o fundamento de Jesus Cristo, nosso Senhor".

3. Lutero e a leitura da Bíblia

Também por desconhecimento, é costume ouvir, especialmente no mundo católico romano, a afirmação de que Lutero tirou sete livros da Bíblia. Isso não é verdade. Ao contrário, como grande teólogo que era, Lutero impulsionou um grande movimento de leitura e interpretação da Bíblia. A grande sede da Palavra de Deus foi diminuída não só pelas traduções que fez (o povo não sabia grego e hebraico e nem mesmo o latim), mas também pelos seus comentários exegéticos aos livros sagrados. É bom lembrar que a tradição romana proibia o manuseio da Bíblia para quem não fosse clérigo. Nem mesmo nos cursos de teologia incentiva-se o estudo da Palavra de Deus.
Lutero traduziu todos os livros, incluindo em sua edição também aqueles que não têm original em hebraico (chamados apócrifos em ambiente protestante ou deuterocanônicos no mundo católico). E não proibiu ninguém de utilizá-los.
Acontece que nem mesmo a Igreja de Roma tinha fechado a questão acerca do cânon, isso se dá apenas em Trento (1545-1577). Outros grupos reformados passarão a utilizar, como os judeus, apenas o cânon hebraico, mas isso não vem de Lutero. Dele, o que precisamos recuperar é o seu amor à Palavra de Deus.

4. Um bom conselho aos nossos governantes

Erasmo de Rotterdam, teólogo humanista muito admirado por Lutero, criticou fortemente o reformador quando este apoiou as atitudes dos príncipes alemães, que perseguiram com violência os movimentos camponeses que exigiam seus direitos. Ele estaria legitimando a opressão. Ora, o grande profeta da paz, Helder Câmara, apoiou o Golpe Militar de 1964, percebendo depois o seu erro. E ainda vemos hoje pastores e bispos apoiarem ações violentas contra os sem-terra.
Mas, se os príncipes alemães manipularam a intenção e o movimento de Lutero, é porque não ouviram sua própria voz. Certa vez, um príncipe pediu de Lutero alguns conselhos afim de que não agisse com tirania em relação a seu povo. A resposta de Lutero foi simples e, se fosse ouvida pelos governantes que se dizem donos do mundo, daria outros rumo a esse momento tão delicado de nossa história. Lutero lhe enviou como resposta um comentário ao Magnificat, com a seguinte introdução: "Se queres ser um bom governante, aprende da Virgem Maria. Ninguém como ela soube acreditar num Deus que derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes".
Façamos ecoar em nossos corações e em nossas relações o mesmo apelo! Só assim seremos capazes de reconstruir a unidade.

Edmilson Schinelo é biblista popular e assessor do CEBI. É católico romano.

Fonte: CEBI (20.10.2011)

Lutero e Inácio de Loyola mudaram o cristianismo do século XVI

Londres, sexta-feira, 28 de outubro de 2011 (ALC) - O reformador protestante Martim Lutero e o fundador da Companhia de Jesus, padre Inácio de Loyola, foram profetas criativos e influentes, talvez até mesmo complementares, e podem ser vistos como versões variantes de um mesmo fenômeno. Os dois sofreram com a pergunta existencial pela salvação, valorizando a experiência pessoal com Deus. 

O jesuíta Philip Enden, professor do Campion Hall, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, faz um comparativo entre Inácio e Lutero, numa tentativa de desalojar a ideia de que o líder jesuíta, como figura da Contra-Reforma, tinha como principal objetivo resistir à Reforma protestante. Na chamada “Autobiografia” de Inácio não aparece menção a Lutero ou ao luteranismo.

A narrativa inaciana concentra-se na Espanha, no período de 1521 a 1527, depois em Paris, até 1535, quando, no país ibero, foi aplicado todo o tipo de medida para deter a infiltração das inovações de Lutero no país. Inácio teve que enfrentar, inclusive, quatro julgamentos na Espanha, dois em Paris, um em Veneza e um em Roma. O último foi um processo eclesiástico contra toda a Companhia, quando rumores diziam que os seguidores de Inácio eram pregadores luteranos disfarçados.

Enden arrola pelo menos três paralelos importantes entre Inácio e Lutero: “há uma notável semelhança na forma como ambos, já idosos, recordaram as suas experiências mais formativas de Deus”; “ambos tentaram estabelecer um novo ideal ministerial e pastoral dentro do cristianismo ocidental”; e “ambos tinham dificuldades para reconciliar consciência e autoridade”.

O professor jesuíta destaca que o cristianismo, antes do advento da imprensa, era muito diferente do que se pode imaginar. Tanto Inácio como Lutero tiveram experiências de conversão baseadas na leitura de um livro impresso. “O que contava como vida da Igreja antes da Reforma era tão estranho às nossas expectativas de religião que não reconheceríamos isso, de fato, em nada como cristão”, escreve Enden, que teve uma síntese do seu original publicada no sítio “Thinking Faith”, revista eletrônica dos jesuítas britânicos.

Daí que Lutero e Inácio, na compreensão de Enden, não tinham a ver com uma reforma, mas como uma formação – “a formação de todo o nosso senso do que é ser religioso”. Os dois líderes foram reformadores clericais, diz o jesuíta inglês. Sob esse prisma, eles não aparecem como oponentes, mas como modelos de um novo tipo de piedade e de um novo tipo de sacerdócio, constata Enden.

Lutero recuperou a noção bíblica do sacerdócio universal de todos os crentes. “Seu propósito em fazer isso, no entanto, não foi defender uma compreensão congregacionalista indiscriminada da autoridade da igreja. Ele está simplesmente lutando para estabelecer o direito da nobreza leiga de depor um sacerdote indigno da autoridade da Igreja”, analisa Enden.

O professor do Campion Hall afirma que Inácio e Lutero tinham respostas diferentes para o problema da autoridade e da consciência. “Mas eles enfrentaram basicamente a mesma questão e com uma intensidade que era bastante nova, decorrente das suas experiências pessoais da misericórdia de Deus”, afirma.

Enden avalia que Lutero era uma figura muito mais abrasiva, clara e óbvia do que Inácio “Enquanto Inácio podia viver com o cinza, Lutero precisava do preto e branco. Por isso ele fez uma divisão com Roma”. Na análise do jesuíta, Lutero não podia, assim com Inácio, viver com as tensões e confiar em sua capacidade de construir relações, por uma questão de temperamento, lembrando que Inácio era latino.

Mas os dois passaram por uma crise de culpa intensa, “quase patológica”, aliviada pelo entendimento de que é Deus quem redime o ser humano. “Em ambos os casos, isso leva a uma completa transformação do entendimento. Para Inácio, todas as coisas parecem novas; para Lutero, uma face totalmente diferente de toda a Escritura se revela.”

ALC (28.10.2011)

As mulheres esquecidas da Reforma protestante

Homens e mulheres tiveram papel importante no movimento da Reforma protestante no século XVI. Mas enquanto a história registra a contribuição de Martim Lutero, João Calvino, João Knox, Ulrico Zwinglio, Felipe Melanchton e outros, quem é capaz de mencionar a participação de mulheres no movimento? 

Catarina Von Bora, Catarina Schutz Zell, Claudine Levet, Marie Dentèrem, Rachel Specht ocuparam espaços na Reforma protestante, destaca a pastora reformada Sonia Motta, da Igreja Presbiteriana Unida (IPU), em artigo que escreveu para o Centro de Estudos Bíblicos (Cebi).

“Se na Idade Média o ideal feminino era o de monja, na época da Reforma o ideal era ser esposa e mãe”, assinala Sonia. Lutero tinha essa postura, entendendo que a esposa e mãe estavam sujeitas ao marido. João Knox foi ainda mais radical, não aceitando qualquer tipo de governo de mulheres, pois isso contrariaria a natureza da Escritura e usurparia a autoridade masculina.

Mesmo tratando do silêncio das mulheres, como o apóstolo Paulo preconizara, Calvino reconheceu a participação e a importância delas nas Escrituras Sagradas, mas manteve a subserviência da mulher em relação ao homem, analisa a pastora reformada.O reformador admitia que seria um escândalo uma mulher ensinar o seu marido pela pregação.

A mulher de Lutero, Catarina von Bora (1499-1550), é, talvez, a reformadora mais reconhecida, pois conseguiu extrapolar o papel de “esposa de Lutero”. Ela foi monja antes de se casar com Lutero e conhecia os segredos da medicina caseira. Ela era uma ótima administradora dos bens familiares, sabia ler e escrever, o que era uma exceção para a condição de mulheres da época.

Em Estrasburgo viveu Catarina Schutz Zell (1497-1562), casada com um sacerdote que foi excomungado. Ela escreveu ao bispo local defendendo o casamento de clérigos. Era uma mulher culta, leitora de Lutero. “Catarina Zell também escrevia muito, e em suas cartas incentivava as mulheres dos fugitivos (defensores da Reforma) a permanecerem firmes na fé”, afirma Sonia.

Schutz Zell escreveu comentário sobre os Salmos 51 e 130, sobre a oração dominical e o Credo. Acolheu flagelados, pessoas perseguidas, visitou doentes, realizou pregações, inclusive na morte do marido.

Em Genebra, Claudine Levet assumiu, em diversas ocasiões, o papel de pastora e pregadora, quando eles faltavam em congregações. Ela aplicou suas posses em favor dos pobres. Marie Dentière também atuou em Genebra, como pregadora e escritora. Chegou a remeter carta à rainha Marguerite, de Navarra, pedindo que ela intercedesse junto ao irmão, o rei da França, para eliminar a divisão entre homens e mulheres.

“Embora não seja permitido a nós (mulheres) pregar em assembléias públicas e nas igrejas, não obstante não nos é proibido escrever e admoestar uma a outra com todo o amor”, escreveu à rainha.

A calvinista inglesa Rachel Specht recorreu, em 1621, à parábola dos talentos para defender o direito das mulheres. Se Deus concedeu corpo, alma e espírito às mulheres, por que Ele daria todos esses talentos, se não para serem usados? – indagou. Não usá-los seria uma irresponsabilidade, argumentou.

Igrejas da Reforma, constata a pastora presbiteriana, levaram algum tempo para ordenar mulheres, o que não é, “lamentavelmente”, a prática em todas as denominações protestantes.

Fonte: ALC (31.10.2011)

Reforma Luterana - CPT 18

Documentário sobre a Reforma Luterana apresentado no programa CPT.


Veja em: http://www.youtube.com/watch?v=2w7NmfxGwD8&feature=related

Luteranos dão os primeiros passos à unificação

Até 2014, luteranos querem ter constituído uma Federação ou Conselho que congregue as duas denominações dessa família confessional ativa no Chile, com o propósito de fomentar o trabalho missionário e diacônico, a formação de pastores e de agentes pastorais. 

Pastores da Igreja Evangélica Luterana (IELCH) e da Igreja Luterana (ILCH) realizaram, nos dias 13 e 14 de outubro, conferência conjunta, quando trataram do assunto no povoado de Frutillar, onde chegaram os colonos alemães em 1863, às margens do lago Llanquihue. Em 1975, por razões político-ideológicas, ocorreu a cisão dos luteranos chilenos.

Participou da conferência o estudante de Teologia, Daniel Lenski, da Igreja Evangélica da Alemanha (EKD, a sigla em inglês), que escreveu tese de doutorado sobre a divisão dos luteranos chilenos. Ele analisou aspectos históricos, a evolução de uma igreja alemã para uma igreja de fala hispânica.

A tese avalia a trajetória luterana no tempo do governo de Salvador Allende, o Sínodo de 1970, que elegeu o bispo alemão radicado no Chile, Helmut Frenz, para a presidência da igreja. Frenz priorizou a diaconia e, depois do golpe militar, ajuda a criar o Comitê Pró Paz. Setor da igreja não concorda com a posição política do bispo e, no Sínodo reunido em Frutillar, a denominação racha. 

A exposição ajudou os pastores a melhor entender o percurso histórico das duas igrejas. Como a grande maioria dos religiosos não viveu o processo da divisão, o grupo mostrou-se muito entusiasmado com o processo de unificação.

Fonte: ALC (27.10.2011)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Homem avisa que voltaria à vida, e mulher esconde seu cadáver em casa por um mês


Por um mês, a colombiana Alba Yacue manteve o corpo do seu marido Lucio Chacue, 61 anos, escondido em casa com a esperança de que ele ressuscitaria. Segundo ela, o marido teria avisado antes de falecer que iria voltar à vida.
O problema é que ele não revelou quando. Mesmo assim, Alba resolveu esperar e só desistiu de sua missão quando os vizinhos identificaram o sumiço de Chacue e comunicou a polícia.  Os investigadores encontraram o corpo do colombiano no final do quarto principal da casa.
O que restou de seu corpo um mês depois de sua morte -- cuja causa é desconhecida -- foi envolto em um lençol, segundo o jornal "La Nación". O cadáver já estava em estado de decomposição e exalava um odor nauseante. As más línguas do bairro passaram a dizer que o amor de Alba por Chacue era, além de cego, anósmico (sem olfato).
Alba pediu para a empresa funerária que arrumasse o corpo do marido e o enterrasse no seu quintal na aldeia de La Umbria, uma área rural de Huila, no sudoeste da Colômbia.

Mercado religioso privatiza a experiência de fé, diz teólogo

O cenário das religiões no Brasil mostra um novo ator em cena: o religioso não institucionalizado, que busca uma experiência de espiritualidade não tutelada pelas hierarquias das religiões organizadas formalmente.

“Vivemos os dias da religião sob medida, montada por consciências individuais que misturam os ingredientes disponíveis nas prateleiras do mercador religioso”, escreve o teólogo Ed René Kivitz, em artigo para o jornal Valor Econômico.

A experiência religiosa, afirma, já não se resume à obediência cega aos dogmas e à hierarquia institucional. “A sociedade moderna não abandonou Deus, mas colocou seus intérpretes e seus representantes coletivos sob judice”, assinala o teólogo. A religião, agora, é privatizada e a experiência de fé é “à la carte”.

Mudanças nos padrões de vida dos europeus têm exercido influência direta no declínio do número de cristãos no continente. O cristianismo já não tem mais aquela força de ascendência no desenho de valores às populações da Europa.

“Valores da Europa” será tema de conferência internacional convocada pela Universidade de Tilburg, na Holanda, para o fim de novembro, e que contará com a participação de teólogos, antropólogos, acadêmicos em geral. A conferência ocupar-se-á de dois temas: a religião e a diversidade étnica, e cristãos e muçulmanos.

“O discernimento pessoal e um olhar mais crítico nos levam a questionar fundamentos da fé e as explicações religiosas do mundo”, avalia o sociólogo da religiãoFrédéric Lenoir, diretor da revista “Le Monde des Religios”, do jornal “Le Monde”.

O crescimento do número de citadinos e a consequente diminuição da população rural contribuíram para a ruptura da transmissão de valores religiosos. “Nas cidades, as pessoas não conhecem o vizinho, os filhos vão estudar longe de casa e se distanciam dos moldes tradicionais. Esse tipo de comportamento fragiliza a transmissão da fé”, analisa Lenoir.

Outro fator para tentar explicar a diminuição da prática religiosa cristã é o fenômeno do individualismo. Avanços sociais das últimas décadas na Europa levaram as pessoas a se inserirem cada vez menos em grupos e a pensar que o sucesso pessoal e profissional não depende mais de Deus.

Análise do “European Values Study(EVS)” mostra que, em1999, da população europeia 62,1% eram católicos e 25,8% protestantes. Em 2008, data do último relatório, os católicos caíram para 36,7% e os protestantes para 14,5%.

No Reino Unido, os protestantes passaram de 56,6% para 38,7% no período, e os católicos de 13,6% para 10,8%. Na Alemanha, os protestantes baixaram de 34,5% para 27%, enquanto o número de católicos ficou praticamente inalterado, em torno de 22%.

Aumentou, no período, o número dos sem religião. Na França, cresceram de 27% da população para 50%;  no Reino Unido, de 15% para 32,9%, na Alemanha, de 39,6% para 46,1%.

Enquanto o cristianismo vê o seu quadro de fiéis declinar, os muçulmanos aumentam o número de fiéis na Europa. Eles somam, atualmente, 44 milhões de pessoas, cerca de 6% da população europeia. O Islã viu o seu quadro crescer em 14,5 milhões de seguidores no Velho Mundo, de 1990 a 2010, assinala pesquisa do Pew Research Center. A previsão é que nos próximos 20 anos 8% da população europeia seguirão o profeta Maomé.

A Europa continuará recebendo imigrantes porque ela precisa de mão-de-obra, consequentemente, mais contingentes de muçulmanos deverão aportar no continente. O ex-primeiro-ministro italiano Massimo d´Alema, presidente da Fundação Europeia de Estudos Progressistas, estima que a Europa precisará de 30 milhões de imigrantes nos próximos 30 anos para manter o equilíbrio entre a população ativa e a aposentada.

Ainda assim, o crescimento do islamismo em terras europeias tende a diminuir, pelos mesmos motivos que brecam o aumento de cristãos. A melhora da qualidade de vida dos imigrantes muçulmanos e da geração nascida no continente torna-os mais individualistas e materialistas, com as mesmas aspirações típicas da sociedade ocidental.

Lenoir anota que na medida em que jovens muçulmanos têm acesso à educação e conquistam melhores condições sociais, menor é a importância que emprestam à religião.

A França é o pais europeu que hospeda o maior contingente de muçulmanos no continente, estimado em 5 milhões de pessoas, ou 8% da população francesa. Dos muçulmanos “franceses”, 62% são jovens, entre 18 e 34 anos, e apenas 23% deles costumam frequentar a mesquita às sextas-feiras, dia tradicional de orações.

Estudiosos do Barna Group divulgaram pesquisa que levantou seis razões para o êxodo de jovens das igrejas. A pesquisa apresentou questionários, durante um período de cinco anos, a jovens, adultos, adolescentes, pastores evangélicos jovens e pastores mais idosos.

Quase um quarto dos jovens ouvidos, dos 18 aos 29 anos, disse que “os cristãos demonizam tudo o que não tem a ver com Igreja”, que as igrejas ignoram os problemas do mundo real (22%) e 18% disseram que a denominação a qual pertencem parece muito preocupada em apontar impactos negativos de filmes, músicas e videogames.

Um grupo de jovens respondeu que “a Igreja é chata”, e adolescentes indicaram que Deus parece estar ausente de sua experiência de igreja. Um terço dos jovens adultos ouvidos declarou que “os cristãos perecem confiar no fato de que conhecem todas as respostas” e um quarto deles afirmou que “o cristianismo é contra a ciência”.

Dois de cada cinco jovens adultos cristãos afirmaram que os ensinamentos da igreja sobre o controle da natalidade e sobre sexo são antiquados. Jovens adultos apontaram a exclusividade do cristianismo como um problema. Desse grupo, 29% declararam que “as igrejas têm medo do que as outras fés acreditam”.

O sexto fator apontado pelos jovens entrevistados tem a ver com o emocional. Eles sentem que a igreja “é pouco amistosa em relação às pessoas que têm dúvidas”.

A pesquisa do Barna Group diz respeito à situação dos jovens ocidentais que residem em países industrializados. No artigo que escreveu para o Valor, Kivitz aponta que nos países do Terceiro Mundo “a religião nunca saiu de moda. Conceitos como modernidade e pós-modernidade passam longe dos dilemas de quem vive na pobreza e na miséria extrema”, afirma.

Os avanços da ciência, da técnica e da razão, apesar de significativos, não conseguiram promover um mundo melhor, de paz e de justiça, e nem conseguiram apontar caminhos para a felicidade e a realização existencial do ser humano. “O saldo da modernidade é o rompimento com as instituições sociais religiosas e o abandono da pessoa à sua própria consciência e à mercê de sua liberdade”, arrola Kivitz.

Por isso, agrega, as massas decepcionadas com a modernidade e suas promessas “voltam a correr para as categorias do sagrado, do transcendente do divino”. Para o teólogo brasileiro, “o atual retrato da fé permite a afirmação de que, se é verdade que as instituições religiosas estão abaladas, Deus continua vivo como sempre, e adorado – e idolatrado – como nunca”.

Fonte: ALC (21.10.2011)

Hertz demite muçulmanos por orarem no horário de trabalho

Dezenas de pessoas se concentraram no Aeroporto Internacional de Seattle, Estado de Washington, na semana passada, em solidariedade aos 34 trabalhadores muçulmanos, 22 homens e 12 mulheres, despedidos pela Hertz, empresa de aluguel de veículos, por orarem durante a jornada de trabalho.

A empresa anunciou que, se continuassem com as orações, eles seriam despedidos, contou Asha Farah, uma das demitidas. A maior parte do grupo trabalhava na limpeza dos carros, informou.

No aeroporto, onde a Hertz tem uma loja de aluguel de carros, os manifestantes pediram “respeito à nossa religião”. Cinco vezes ao dia os seguidores de Maomé devem dirigir suas orações voltando-se em direção à Meca.

Estima-se que um terço dos migrantes no Estado de Washington é constituído de muçulmanos, boa parte procedente da Somália, afirmou Jessica Scruggs, da ONG América, que defende o direito dos migrantes.

Fonte: ALC (21.10.2011)

Campanha congrega religiões pelo desarmamento

O Instituto Sou da Paz buscou a parceria de igrejas da capital paulista para motivar, na Semana Mundial de Desarmamento – de 22 a 30 de outubro – a Campanha de Entrega Voluntária de Armas de Fogo e Munições (Cevam).

A mobilização tem o apoio de zen budistas, hare krishna, brahma kumaris, espíritas, seguidores da religiosidade afro, judeus, batistas, presbiterianos, anglicanos, metodistas, luteranos e católico romanos.

“É importante esse engajamento das religiões porque elas contam com o apoio e a confiança da população, que sente mais tranquilidade em entregar as armas numa igreja, por exemplo, ao invés de uma delegacia”, declarou uma das coordenadoras do Sou da Paz, Alice Ribeiro.

A diretora do Sou da Paz, Melina Risso, informou que a cada 18 armas recolhidas uma vida é salva. A Campanha Nacional pelo Desarmamento recolheu, este ano, 27 mil armas. Quem entrega uma arma não precisa se identificar e recebe, ainda, uma indenização que varia entre 100 (cerca de 60 dólares) a 300 reais.

São Paulo terá nesta semana 137 postos fixos de recebimento de armas. Na última década, a capital paulistana apresentou queda de 70% no número de suicídios, disse Alice. O índice de suicídios em São Paulo é de dez a cada 100 mil habitantes, um número considerado abaixo do nível epidêmico pela Organização Mundial da Saúde.

Fonte: ALC (25.10.2011)

Afrodescendentes farão campanha em defesa da liberdade religiosa

O Coletivo de Entidades Negras (CEN) lançará, no dia 20 de novembro, a campanha “Chega de intolerância – não toquem em nossos terreiros”, com o propósito de mobilizar a comunidade negra a defender seus direitos e religiosidade.

“Nosso povo tem o hábito de esperar que alguém faça por eles. É importante sair do imobilismo e ir à luta”, disse o coordenador geral do CEN, Márcio Alexandre Gualberto. “Se não agirmos, seremos sempre as vítimas preferenciais daqueles que querem tornar o Brasil um país fundamentalista de viés evangélico-pentecostal”, agregou.

A data de lançamento da campanha – 20 de novembro – é significativa, pois trata-se do Dia da Consciência Negra. Em Salvador, Bahia, será realizada a VI Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa.

A capital baiana também abrigará, dias 16 a 19 de novembro, o Encontro Ibero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes, promovido pela Organização das Nações Unidas. Segundo a Agência Afropress, 14 chefes de Estado de países da América Latina e do Caribe confirmaram presença no encontro.

Fonte: ALC (26.10.2011)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Selo marca início dos festejos dos 500 anos da Reforma

A Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) promoveram, ontem à noite, no Hotel Plaza São Rafael, nesta capital, o lançamento dos 500 Anos da Reforma protestante. 

Os pastores presidentes Egon Kopereck, da IELB, e Nestor Friedrich, da IECLB, recepcionaram os convidados, entre eles o prefeito municipal de Porto Alegre, José Fortunati, empresários, políticos, membros das duas denominações, teólogos e pastores.

Na cerimônia de ontem à noite ocorreu a apresentação do selo comemorativo dos 500 Anos da Reforma protestante. A Comissão de Festejos prepara calendário de eventos, iniciados ontem, e que se estenderão até 31 de outubro de 2017, quanto o luteranismo completa 500 anos.

O selo, em azul escuro, cor que simboliza serenidade, racionalidade, fé e esperança, e em laranja, representando movimento, comunicação e expansão, traduz graficamente a contribuição luterana ao ser Igreja no mundo.

O contraste das cores representa a ruptura que a Reforma produziu no pensamento teológico, social e cultural. A Rosa de Lutero, presente no selo, aponta para o centro da teologia luterana: a morte de Cristo na cruz, que dá nova vida ao ser humano, proporcionando-lhe alegria, paz e esperança numa dimensão eterna.

Para os próximos seis anos estão programados, entre outros, seminários voltados ao tema da Reforma, a criação da Praça de Lutero, em Porto Alegre, a publicação de revista alusiva ao marco histórico e uma Caminhada Luterana.


Fonte: ALC (19.10.2011)

Paquistão: apelo do Conselho Mundial de Igrejas contra a lei sobre a blasfêmia

"O governo paquistanês não pode fechar os olhos diante da cultura da violência perpetrada através do uso e do abuso da lei sobre a blasfêmia que intensifica o ódio, a intolerância e a perseguição que podem atingir qualquer pessoa no país e, em particular, as minorias religiosas". Foi o que afirmou em coletiva de imprensa em Lahore o Secretário-Geral do Conselho Mundial de Igrejas, Rev. Olav Fykse Tveit, que também fez um apelo ao governo para que sejam adotadas "as medidas necessárias contra a intolerância religiosa". 

Durante sua visita ao Paquistão, o Secretário-Geral do Conselho Mundial de Igrejas encontrou-se com vários líderes das comunidades cristãs e representantes de organizações da sociedade civil. "Os cristãos - afirmou o Rev. Tveit - vivem num clima de insegurança". "A situação - acrescentou - piorou nos últimos anos". Atualmente o Código Penal paquistanês castiga com a prisão perpétua quem ofende o Alcorão. Está prevista a condenação à morte para quem insulta Maomé.



Fonte: CEBI (19.10.2011).

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Altmann expressa solidariedade à igreja Taman Yasmin

Em visita à Indonésia, o moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Walter Altmann, expressou, em nome da comunhão ecumênica mundial, solidariedade aos fiéis da Igreja Cristã da Indonésia (GKI, sigla no idioma local), na cidade de Bogor, Java Ocidental, onde os cultos estão proibidos. 


A comunidade Taman Yasmin, da GKI, foi impedida de celebrar cultos em seu templo e proibida de continuar a construção de um novo prédio, apesar de a Constituição do país assegurar a liberdade de culto.

Tal direito já foi reconhecido em todos os níveis de recursos, incluindo a Suprema Corte. A comunidade passou a celebrar cultos na rua em frente ao prédio da igreja. Mas essa atividade também foi proibida pelas autoridades locais. Os membros que se reuniram para o culto, no domingo passado, foram dispersados pelas forças policiais.

Ao visitar o local dos acontecimentos, Altmann, que é ex-pastor presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, declarou: "A minha visita de solidariedade à Igreja Taman Yasmin é parte do compromisso intransigente do CMI de pleno respeito às crenças religiosas e a todas as práticas da fé e lugares de adoração de todas as religiões."

Altmann assegurou que o CMI é e continuará sendo contra qualquer medida legal ou ação administrativas que limite o direito dos muçulmanos de praticar sua fé em países ocidentais. “Vemos a Indonésia como um modelo de pluralismo religioso, através do qual as relações de respeito e cooperação entre cristãos e muçulmanos podem ser promovidos ", afirmou.

Ele espera que seja revogada a proibição de cultos da Igreja Yasmin Taman através do diálogo pacífico. “Pedimos também ao governo local, bem como ao governo central da República da Indonésia, que implemente, sem demora e sem restrições, a decisão do Supremo Tribunal Federal. Apelamos à solidariedade das igrejas em todo o mundo”, afirmou.

O pastor brasileiro visitou a Indonésia de 2 a 11 de outubro. Ele participou da segunda reunião do Fórum Cristão Global, que teve lugar em Manado, na região da Sulawesi do Norte e reuniu-se com membros de igrejas em Jacarta, numa visita organizada pela Comunhão de Igrejas da Indonésia (CCI).

Mais informações sobre a Igreja Cristã da Indonésia (GKI): http://www.oikoumene.org/en/member-churches/regions/asia/indonesia/indonesian-christian-church-gki.html.


Fonte: ALC (13.10.2011).

Pastor acusado de apostasia aguarda enfocarmento


Ao recusar-se a renegar o cristianismo, o pastor Youcer Nadarkhani, 34 anos, casado, dois filhos, foi condenado à pena de morte por enforcamento. Ele está preso desde 12 de outubro de 2009, acusado de apostasia por um tribunal de Rasht. 


O código penal iraniano não prevê pena capital para quem abjura do islamismo, relatou o repórter Ignacio Cembrero, do El País. Mas os juízes podem inspirar-se nos fetuas – editos islâmicos pronunciados por teólogos – para justificar sentenças ignorando a legislação vigente.

Em outubro de 2009, o governo iraniano decretou que todos os alunos do Ensino Médio e Fundamental deveriam participar de aulas de islã, independente de credo religioso. O pastor não aceitou a decisão e tentou retirar seus dois filhos, Daniel e Joel, da escola, sob a alegação de que a constituição do Irã reconhece a liberdade de culto para as religiões do Livro, entre elas o cristianismo.

Nadarkhani é pastor evangélico e trabalhava desde 2001 na região de Gilan, a 250 Km de Teerã, onde fundou uma pequena comunidade, chamada Igreja do Irã. Dos 71 milhões de iranianos, apenas 300 mil são cristãos.

Desde junho de 2010, cerca de 300 cristãos foram presos em 35 cidades do Irã. Muitos deles continuam detidos e esperam julgamento. O pastor evangélico foi convidado, em setembro, a renegar o cristianismo e a retomar sua fé no islã para escapar da condenação.

Também o advogado do pastor, Mohamed Ali Dadkhah, foi condenado a pagar uma multa, será profissionalmente descredenciado e ainda levará cinco chibatadas por fazer propaganda contra o regime islâmico.



Fonte: ALC (05.10.2011)

Casa em São Gonçalo, no RJ, onde umbanda foi criada é demolida


Parte da história de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e da umbanda está em ruínas. Uma casa onde aconteceu o primeiro encontro da religião, no início do século passado, foi demolida. A denúncia foi publicada no Jornal Extra. O imóvel era reivindicado como patrimônio histórico.
Cartazes simples, com palavras fortes foram usados para protestar contra a destruição de parte da história religiosa do Brasil. Foi em Neves, São Gonçalo, que a umbanda foi criada há 103 anos. No lugar da casa onde aconteceram as primeiras sessões está sendo construído um prédio.

Do alto, em imagens feitas por helicóptero, é possível observar a casa, praticamente em ruínas. Berço do que é considerada a única religião 100% brasileira.
A propriedade foi vendida em 2010. Representantes da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa questionam a prefeitura do município, que não impediu a venda e nem tornou o imóvel patrimônio histórico do município.

"A umbanda nasceu aqui, então esta perda é um dano irreparável", disse uma representante da religião.

Centro espírita
Em outra parte da cidade, a prefeitura desapropriou o terreno onde, há 40 anos, existe um centro espírita. O projeto é construir uma vila olímpica. Representantes da comissão conseguiram ser recebidos na prefeitura na tarde desta quinta-feira (6). A prefeitura Aparecida Panisset não compareceu ao encontro. No lugar dela, foi o chefe de gabinete.
"Que ele desaproprie o imóvel, e também que ele suspenda a desapropriação do outro imóvel, que é religioso, a Constituição garante esse direito. E o governo federal está dizendo que ajuda, coloca o Ministério da Cultura para ajudar a fazer o museu da umbanda, esta é a proposta", explicou Ivanir dos Santos, integrante da comissão.

A prefeitura de São Gonçalo informou, em nota, que não pretende demolir a sede do centro espírita. Sobre a casa onde foi fundada a umbanda, a prefeitura afirmou que vai estudar o tombamento do imóvel, mas enquanto se tratar de uma propriedade particular, não tem como impedir que o trabalho de demolição da casa continue.

Fonte: CEBI (10.10.2011)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Museu de Israel disponibiliza imagens dos manuscritos do Mar Morto

O Museu de Israel abre o acesso universal e gratuito às imagens digitalizadas dos cinco pergaminhos dos manuscritos do Mar Morto. Os manuscritos foram encontrados em Qumran na metade do século passado. Especialistas reclamavam da dificuldade de acesso aos fragmentos.

A decisão de disponibilizar imagens dos fragmentos de mais de 2.000 anos, tidos como uma descoberta arqueológica do século passado e relevante para a pesquisa bíblica, amplia o acesso aos documentos históricos. As imagens das cópias exatas dos fragmentos originais têm resolução de 1,2 mil megapixels, cerca de 200 vezes a resolução de uma câmera comum.

O acesso através desse recurso permite que o usuário visualize detalhes dos manuscritos nas línguas originais – hebraico, aramaico e grego – com tradução do manuscrito principal, atribuído ao profeta Isaías, apenas para o inglês, até o momento. A empresa prevê a tradução para o espanhol e outros idiomas.

Os textos foram escondidos em 11 cavernas às margens do Mar Morto no ano 68 a.C. A intenção era protegê-los da invasão do exército romano. Os documentos ficaram nessas condições até serem descobertos em 1947, quando um pastor beduíno jogou uma pedra em uma caverna e percebeu que havia algo lá dentro.

Para a conservação adequada, os manuscritos são mantidos no escuro, em salas climatizadas do Museu de Israel, em Jerusalém, desde 1965. Apenas quatro funcionários podem manusear os pergaminhos e papiros.

O museu tem oito manuscritos, divididos em 30 mil fragmentos. Existem outros em poder da Autoridade de Antiguidades e de colecionadores particulares. Veja as imagens e narração em inglês no vídeo:  (http://www.youtube.com/watch?v=5rYj_0foJYA&feature=player_embedded).

Fonte: ALC (05.10.2011).

Religiosos, Intelectuais e defensores dos direitos humanos pedem retirada de tropas da paz do Haiti

Líderes religiosos, intelectuais e dirigentes de organismos de direitos humanos pediram, em carta enviada aos presidentes da República do Chile, Colômbia, Argentina, Brasil, Equador, Paraguai, Bolívia, Peru, Uruguai, El Salvador e Guatemala, a retirada das tropas desses países quer participam da força de paz da ONU no Haiti, conhecida como Minustah. 

Há mais de sete anos, tropas desses países integram uma “suposta operação de paz” numa ocupação militar “injustificada e imoral” que viola a soberania e a dignidade do povo do Haiti, afirmam na carta.

As tropas do Minustah realizaram várias incursões violentas em diversos bairros da capital haitiana, “numa clara estratégia de construção de um ‘inimigo’, centrada na perseguição das periferias pobres”.

A denúncia de estupro cometido por soldados uruguaios da força de paz da ONU “levantou o véu sobre um padrão tenso de violação dos direitos humanos”, dizem os missivistas.

O documento leva a assinatura do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, da Argentina, do Prêmio Nobel Alternativo da Paz, Martín Almada, do Paraguai, do escritor argentino Juan Gelman, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, do Frei Betto e do bispo emérito dom Pedro Casaldáliga, do Brasil.

Eles destacaram que líderes de países que enviaram tropas ao Haiti dizem defender valores progressistas, mas são, na verdade, executores de uma agenda imperialista no Haiti.

O Conselho de Segurança da ONU deverá emitir resolução, até o dia 15 próximo, renovando, pela sétima vez, o mandato anual que prevê a presença de tropas de paz no Haiti.

Os líderes que protestam contra essa presença militar no país caribenho propõem a adoção de um cronograma que preveja a retirada rápida das tropas estrangeiras do Haiti. A manutenção do Minustah absorve 800 milhões de dólares por ano.

Fonte: ALC (05.10.2011)

As raízes do Brasil são indígenas, negras e europeias, enfatiza professora

Quinta-feira, 6 de outubro de 2011 (ALC) - “Na região Sul ocorrem manifestações explícitas de racismo mais cruéis do que em outras regiões”, disse a professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da Universidade Federal de São Carlos, ao analisar o rosto africano na cultura brasileira. 

O país como um todo quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia, afirmou. “Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes”, declarou em entrevista ao Instituto Humanitas (IHU), da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

A visão de que a sociedade brasileira seria monocultural ou de raiz europeia na sua essência é equivocada, apontou a professora que representou o Movimento Negro na Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, de 2002 a 2006. “A nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários , e também africana. A metade da população brasileira, segundo mostra o Censo, é formada por pretos e pardos”, apontou.

Para que pessoas convivam de forma respeitosa é preciso que elas se conheçam e saibam da história e da cultura de cada um, defende o Movimento Negro. Mas conhecer a história traz à tona dores e até muita culpa, e isso dificulta aquele movimento, admitiu a professora.

No entanto, disse, “as pessoas não devem se sentir culpadas pelo que seus antepassados fizeram, mas elas têm uma responsabilidade, que é a de corrigir o que foi feito. E, para isso, é preciso conhecer, respeitar, valorizar a história de cada um”, enfatizou.

Fonte: ALC (06.10.2011)

Rio aprova inclusão de ensino religioso nas escolas


Contrariando um parecer do Conselho Municipal de Educação, a prefeitura do Rio conseguiu aprovar a inclusão do ensino religioso no currículo das escolas públicas cariocas. O projeto de lei cria aulas opcionais para diferentes denominações religiosas e abre 600 vagas para professores da área. A partir de 2013, o impacto no orçamento do município será de R$ 15,7 milhões por ano.
Aprovado por 28 votos a cinco, o texto estabelece a adoção de aulas facultativas para os estudantes do Ensino Fundamental da rede municipal. Os pais decidirão se os alunos devem assistir às aulas e poderão escolher a designação religiosa de sua preferência.
Segundo o projeto, os professores serão contratados após concursos públicos, mas deverão ser "credenciados pela autoridade religiosa competente, que exigirá deles formação religiosa obtida em instituição por ela mantida ou reconhecida".
Em fevereiro, o Conselho Municipal de Educação - responsável pelo acompanhamento da política educacional do município - aprovou um parecer que rejeitava a inclusão da religião nas escolas. O objetivo era reafirmar o "caráter laico da escola pública", uma vez que a adoção do ensino religioso é alvo de uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Lamento profundamente a decisão dos vereadores. Para atender aos anseios de grupos religiosos, a prefeitura ignorou a avaliação que havia sido feita por um órgão formado por educadores", criticou a professora Rita Ribes Pereira, integrante do Conselho Municipal e especialista em educação infantil.
O projeto foi enviado à Câmara pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), que se baseou na Constituição para propor a alteração no currículo escolar. Segundo o artigo 210, a religião deve ser uma das disciplinas do Ensino Fundamental.

Fonte: CEBI (06.10.2011).

Justiça fecha terreiro e representantes tentam reverter decisão


Após um morador denunciar que estaria sendo incomodado pelo barulho causado por um terreiro de Candomblé, localizado no município de Nossa Senhora do Socorro, a Justiça proibiu a realização dos cultos religiosos no local.
O acordo judicial foi firmado no último mês de agosto. No entanto, a dona do local, Mãe Silvana, afirma que não conhecia as especificações do processo movido contra ela nem do acordo que assinou.
"Eu estava muito nervosa no dia da audiência e também não tenho conhecimento de leis. Eu nunca havia sido notificada anteriormente. Simplesmente despejaram tudo em cima de mim e disseram pra eu assinar que seria o melhor a fazer", afirmou.
Para tentar reverter a situação, representantes do Candomblé estiveram reunidos na noite da última quarta-feira, 28, com Carlos Augusto Monteiro, presidente da Ordem dos Advogados de do Brasil em Sergipe - OAB/SE -, além de Cláudio Miguel e Rosenice Figueiredo, da Comissão de Direitos Humanos.
Carlos Augusto ressaltou que a OAB não pode agir individualmente, mas sim no coletivo. Ou seja, as decisões deverão ser respeitadas por todos os terreiros. Segundo ele, a primeiro ver o impedimento é inconstitucional, pois se trata de uma prática religiosa e que não pode ser proibida dessa forma. Ainda assim, ele afirmou que será necessário cuidado ao tentar reverter à situação.
"O acordo que foi feito fere a Constituição Federal. Ninguém pode ser proibido de fazer o seu ritual. Mas, ao mesmo tempo, existem alguns impedimentos que têm respaldo judicial como horário, barulho excessivo, local inapropriado. Mas se isso tudo estiver sendo respeitado, então não há porque proibir", ressaltou.
De acordo com Florival de Souza Filho, Coordenador de Igualdade Racial do município, é preciso que o judiciário analise o caso de outra forma, pois o candomblé tem suas especificidades e não pode ser comparada as demais religiões.
"Entendemos que precisamos fazer adequações. Mas, queremos saber quais serão essas adequações e também não queremos que sejam impostas, mas conversadas. Se modificarmos as especificidades do candomblé, estaremos interferindo numa manifestação secular", reitera Florival.  
PARECER
Cláudio Miguel, presidente da Comissão de Direitos Humanos, afirmou que será elaborado um relatório embasado no fato de que um culto de candomblé difere dos demais: católicos, evangélicos e espíritas. "Vamos elaborar este relatório, juntamente com um parecer da comissão, e o encaminharemos ao Conselho da OAB/SE. Caso seja aprovado pelo conselho, o caso segue para o judiciário", explicou.
Segundo Rosenice Figueredo, membro da Comissão de Direitos Humanos, o problema será resolvido o mais rápido possível. "O compromisso da OAB é que o caso entre em pauta até a última sessão do mês de outubro", afirmou.

Fonte: CEBI (06.10.2011).